segunda-feira, 1 de novembro de 2010

História de Jequié

O professor Francisco J. G. Solano escreveu os versos de cordel abaixo baseando-se na obra de Emerson Pinto de Araújo em comemoração a II Feira de Ciências da Escola Municipal Adolfo Ribeiro. Vale a pena conferir!!!



A índia

Iaquieh é a onça pintada
Na minha língua materna;
Que vagou por estas plagas
Morando nalguma caverna.
Virou nome de cidade,
Uma homenagem eterna...

Sou uma índia Tapuia
Da tribo dos Mongoiós!
Queimaram a nossa taba...
Sem piedade de nós.
Mataram guerreiros valentes;
Deixaram crianças sós...

João Gonçalves da Costa,
Que veio de Portugal,
Arrasou a minha aldeia
Com uma comida faral
Dominou a capivara
Meu cacique principal

Depois o José Bittencourt,
Mineiro de Caeté,
Abriu a "Borda da Mata"
Fazenda que fez com fé
Foi o início da cidade
Que hoje chamam Jequié.



O vaqueiro

No tempo que eu vaquejei
Carreguei muita boiada
Jequié era pequena
E era muito frequentada:
Por tropeiros e mascastes,
Coronéis e jagunçada.

Saía das Minas Gerais
E muitos bois eu tangia
Para Feira de Santana
Levava quanrenta dias
Passava com uma boiada,
Mas com a barriga vazia
Pela Praça Luiz Viana
O centro da freguesia.

As ruas eram estreitas,
Não tinha água encanada;
Candeias de querosene
Noites mal iluminadas,
Quem quisesse viajar
Ou a pé ou a cavalhada.




A escrava

Me lembro da casa-grande
Na cozinha eu trabalhava.
Fiz quitute, fiz moquecas
Que meu senhor se gabava.
Os hóspedes e os "freguêis"
Era eu qui alimentava.

Saiu da terra da Itália
O Rotandano, meu patrão,
Foi o primeiro imigrsante
Que veio pra região!
Depois chegaram mais outros...
Pra essas bandas do sertão.

Minha fama era "currida"
Sabia "fazer uma mesa"...
Meu veio tacho de cobre
Era minha maior riqueza:
Boiadeiros, mascastes, tropeiros
E até gente da nobreza...

Quem comeu naquele sobrado
Guardou na recordação...
Os bolos e as delícias
Que fiz com as minhas mãos
Meu nome era Catarina,
Nagô era a minha nação,
Quitiliana me ajudava
No tempo da escravidão.



O imigrante

Meu nome: Vicente Grilo,
Respeitável cidadão!
Incentivei o progresso
Da vila e da região:
Mostrei o que é pecuária
Na fazenda Provisão.

A enchente de "Catorze",
Quase arrasou a cidade...
Fiz diversas doações
Na minha propriedade.
Construí um belo sobrado
Mudou-se a realidade!

Um relógio para a matriz
Na Itália mandei buscar
E um grande motor a óleo
Para a cidade iluminar,
Mesmo não sendo político
Fiz muito pelo lugar...



O maquinista

Era eu o maquinista
Da estrada de Nazaré.
As ponstas-de-trilho chegaram
Trazendo pra Jequié
Projetos e grandes negócios
De exportação do café.

Cacau era a outra riqueza
Que abrilhantou o passado:
Até na nossa bandeira
O fruto registrado,
Valia o peso de ouro
E vinha do sul do Estado.

Tropeiros o transportavam
Das barcaças para o trem;
Os coronéis do cacau
Não se curvavam a ninguém...
Fortuna fez boa gente,
Pistoleiro e jagunço também.

Apitando a maria-fumaça:
A velha máquina a vapor,
Alimentada por muita lenha,
Movida pelo calor,
Trocada por caminhões
Eu nunca podia supor...

Um comentário:

  1. Parabéns professor Francisco você é um grande cordelista, Adorei os versos!

    Um grande Abraço!

    ResponderExcluir